domingo, 11 de janeiro de 2015

Língua oral, língua escrita

Grosso modo [1] podemos tratar a comunicação em dois campos: o da língua oral e o da língua escrita.  Muito comum ouvirmos essa subdivisão em linguagem verbal e linguagem escrita.   É um engano que se pode corrigir: a linguagem verbal é a que se serve de palavras (do latim: verbum, palavra); portanto a linguagem verbal expressa-se com palavras, em oposição à linguagem não verbal, a que não usa palavras: gestos, expressões, ...

Quando falamos em língua, estamos trabalhando com o sistema que estrutura uma língua: são suas regras, a gramática.  Quando tratamos de linguagem, estamos no campo da realização particular de cada falante da língua considerada padrão[2].  Um executivo, em seu dia a dia, usa a língua escrita correta, sempre,  mas a oral permite adequação ao contexto – desde que não se reduza seu padrão. Afinal, a imagem do falante está em jogo.

Na simplificação do uso, falamos em língua oral (e não linguagem) quando sabemos que, mesmo na oralidade, existem normas para cada situação; o mesmo se dá com a língua escrita.

Resumindo, na comunicação escrita, um executivo escreverá:
Encaminhamos seu pedido em 02.01.2014, de acordo com  sua solicitação.

Na comunicação oral, dirá ao cliente:
            Mandamos seu pedido na sexta passada, como solicitado.                                                          ou       Seu pedido seguiu na sexta passada, como pediu.

Você chega  à conclusão de que o texto da língua escrita é mais longo do que o da oral. Correto!

Precisamos usar mais palavras para imprimir o tom e a modulação da voz de que a outra linguagem não dispõe.  Mas isso não significa que todo texto escrito seja  “pura enrolação”.  Veremos mais adiante que a objetividade, simplicidade e a concisão são qualidades imprescindíveis na língua escrita das comunicações administrativas.  E podem ser trabalhadas, treinadas em nosso dia a dia.

Veremos.





        [1] Grosso modo é expressão latina.  Corresponde, em português, à “de modo geral, em linhas  gerais”. Nunca se usa a preposição “a” antecedendo essa expressão em latim, pois a desinência (-o) contém-na. O mesmo ocorre em cursos de pós-graduação Lato sensu. Não se diz “a Lato sensu”.
        [2] Para mais informações, recomendamos: .
SAUSSURE, Ferdinand de.  Curso de linguística geral. 26., São Paulo: Cultrix, 2006. 

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