Grosso modo [1]
podemos tratar a
comunicação em dois campos: o da língua oral e o da língua escrita. Muito comum ouvirmos essa subdivisão em linguagem
verbal e linguagem escrita. É um engano
que se pode corrigir: a linguagem verbal é a que se serve de palavras (do
latim: verbum, palavra); portanto a
linguagem verbal expressa-se com palavras, em oposição à linguagem não verbal,
a que não usa palavras: gestos, expressões, ...
Quando
falamos em língua, estamos trabalhando com o sistema que estrutura uma língua: são
suas regras, a gramática. Quando
tratamos de linguagem, estamos no campo da realização particular de cada falante
da língua considerada padrão[2]. Um
executivo, em seu dia a dia, usa a língua escrita correta, sempre, mas a oral permite adequação ao contexto – desde
que não se reduza seu padrão. Afinal, a imagem do falante está em jogo.
Na
simplificação do uso, falamos em língua oral (e não linguagem) quando sabemos
que, mesmo na oralidade, existem normas para cada situação; o mesmo se dá com a
língua escrita.
Resumindo,
na comunicação escrita, um executivo escreverá:
Encaminhamos
seu pedido em 02.01.2014, de acordo com
sua solicitação.
Na comunicação
oral, dirá ao cliente:
Mandamos
seu pedido na sexta passada, como solicitado. ou Seu pedido seguiu na sexta passada, como pediu.
Você chega à conclusão de que o texto da língua escrita é
mais longo do que o da oral. Correto!
Precisamos usar
mais palavras para imprimir o tom e a modulação da voz de que a outra linguagem
não dispõe. Mas isso não significa que
todo texto escrito seja “pura enrolação”. Veremos mais adiante que a objetividade, simplicidade
e a concisão são qualidades imprescindíveis na língua escrita das comunicações
administrativas. E podem ser trabalhadas, treinadas em nosso
dia a dia.
Veremos.
[1] Grosso modo é expressão latina. Corresponde, em português, à “de modo geral,
em linhas gerais”. Nunca se usa a
preposição “a” antecedendo essa expressão em latim, pois a desinência (-o)
contém-na. O mesmo ocorre em cursos de pós-graduação Lato sensu. Não se diz “a Lato
sensu”.
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