segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Sinonímia: a pluralidade significativa das palavras

Você provavelmente deve ter passado por aquela situação em que, na produção de um texto (oral ou escrito), um vocábulo insiste em aparecer e,  à semelhança de um colar de contas, repete-se em intervalos regulares.  

Infelizmente, ao contrário do efeito pretendido no colar, que é a beleza da sucessão das pequenas contas, a repetição de palavras no texto empobrece seu conteúdo e a percepção dele pelo leitor. 

Para evitar essa redução do valor pretendido pelo autor do texto, devemos recorrer à sinonímia - assunto de hoje.  

Do grego sin (conjunto, reunião) + ônomos (nome), a sinonímia é a área do estudo de uma língua que trata das possibilidades de se reunirem nomes de significados comuns. Como não existem sinônimos perfeitos, para a boa substituição daquele que se repete é importante não apenas procurarmos as opções (num dicionário específico), mas também confirmarmos a escolha pela consulta a um bom dicionário maior.  Não se esqueça de conferir, pelas abonações (exemplos que aparecem nos verbetes dos dicionários), se a substituição é adequada. 

Um erro bastante comum consiste em ver no dicionário o primeiro vocábulo que aparece para a provável troca e, sem analisar, colocá-lo no lugar do outro. Nascem nesse momento as impropriedades (voltaremos a elas, numa página específica sobre isso) -  defeito de estilo na produção textual. Por exemplo, sinônimos de "seco": rude, magro, estéril, improdutivo, reduzido, enxuto,... Quando uma roupa está seca, podemos dizer que é rude? está magra? estéril? Claro que não. Está enxuta.  Às vezes encontramos, nos banheiros de empresas,  nas caixas de  depósitos de toalhas para enxugar as mãos, esta frase:  "Bastam duas folhas para mãos suavemente secas." Não desejo que minhas mãos, nem as suas, nem as de ninguém fiquem secas - mas enxutas. 

Só me resta, aqui, desejar-lhe um bom fim de ano. Um bom final de ano? um bom término de ano? um bom encerramento de ano? um bom findar de ano?  

A escolha é sua. O importante é que seja bom. 

Até 2015!


Em caso de consultas, para um bom começo, sugerimos: 
  • INSTITUTO ANTONIO HOUAISS.  Dicionário Houaiss de sinônimos e antônimos. São Paulo: Publifolha Editora.
  • NASCENTES, Antenor. Dicionário de sinônimos. São Paulo: Lexicon.
  • http://www.sinonimos.com.br    

domingo, 28 de dezembro de 2014

Fonética

Fonética 

Fonética é a parte do conhecimento linguístico que estuda e classifica os sons da fala, quanto a sua articulação e recepção auditiva.  Segundo Saussure, a Fonética analisa acontecimentos sonoros, transformações e altera-se ao longo do tempo.

Esse parágrafo inicial serve de introdução a respostas que demos a alguns questionamentos sobre acentuação, sílaba tônica, fonemas (sons) abertos e fechados da Língua Portuguesa, sempre presentes nas  aulas de Comunicação que ministramos. 

De que estamos tratando? Você já deve ter-se perguntado: o conjunto de sogro e sogra são sogros (/ô/) ou sogros (/ó/)?; o plural de tijolo são tijolos (/ô/) ou tijolos (/ó/)? devemos dizer rúbrica? ou rubrica? 

Mais uma pergunta: Por que esse assunto nesta semana entre Natal e  Dia da Confraternização Universal?  Porque nos últimos dez dias temos ouvido em rádios e emissoras de TV que vários coros (/ô/) se prepararam para apresentações neste fim de ano. E a pronúncia correta é aberta:  coros (ó). Os coros (/ó/) masculino, feminino e infantil estão ensaiando uma bela canção regional. 

Pois bem:  há palavras em que, ao serem colocadas no plural, o fonema fechado do singular (/ô/) passa a aberto (/ó/) no plural. A isso se dá o nome de metafonia.  Do grego, metá (=mudança, alteração) + phone (=som),  metafonia significa alteração/ mudança de som. Um plural metafônico é, portanto, um plural em que a pronúncia se altera.   Em "Os melhores do mundo" (You Tube), de maneira divertida, um ator, no papel de um sequestrador que mantém uma plateia inteira como refém, negocia com policiais. Num dado momento, um deles solicita reforços (/ô/).  Em virtude desse erro de pronúncia, o sequestrador mata um refém, como havia prometido: "Para cada erro de Português, um refém seria morto". 

Veja outros vocábulos em que, no plural,  a pronúncia fechada se altera para a aberta: olho/ olhos; forno/ fornos; coro/ coros; ovo/ ovos; povo/ povos; socorro/ socorros.   A propósito, sogros,  estojos, cachorros, bolsos - todos são pronunciados com /ô/. Isso mesmo: com /ô/ fechado.   Em caso de dúvida, consulte um bom dicionário - de preferência os mais completos, ainda em papel.   

Última resposta de hoje: é ru-bri-ca - paroxítona!

Complete sua leitura com: 

http://www.aulete.com.br/fonética
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferdinand_de_Saussure
http://www.aulete.com.br/ortoépia
https://www.youtube.com/watch?v=rlpp9qX1itg

Um abraço fraternal para terminar bem o  ano. 



segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Concordância – tão antiga quanto a existência do homem.

Todos estudamos, desde cedo, Sintaxe (a injustamente  “odiada”  sintaxe...) de  Concordância, mas poucas vezes pensamos sobre a relação que se estabelece nela e com ela. 

Quando somos crianças, nossos pais, irmãos mais velhos, tios ou avós (às vezes vizinhos, padrinhos, amigos da família) sempre que podem - e sabem -  corrigem-nos: um vocábulo feminino, um masculino, singular, plural...

Nossa língua, filha do Latim, apresenta essa riqueza de possibilidades, que muitas vezes é vista como anúncio de “língua difícil”!  Confesso que é trabalhosa, mas elegante, bonita, mal interpretada, mal ensinada, mal amada. Não diferente da multiplicidade de possibilidades do italiano, do francês, do espanhol, do provençal, do catalão, entre outras novilatinas.  No entanto, como aprendemos as segundas línguas pela gramática, essas parecem-nos às vezes mais lógicas ou mais fáceis.

Começo com a concordância, porque é época de festas e, nos desejos mais sinceros do nosso coração, a concordância faz parte deles.  Do latim cum (com)  + cordis (do coração), concordância  significa estar de acordo com, em concórdia, em harmonia, com a anuência de, com mútua adequação.

Partindo dessa acepção, a concordância seja verbal, seja nominal, será a harmonia entre palavras, a adequação entre elas.  Ex.: mesa nova, sapato novo; mesas novas, sapatos novos; a garota irá, os garotos irão.

Se pensarmos a respeito das construções das ideias (é o que estuda a sintaxe), será mais fácil assimilarmos a relação entre os vocábulos e acertarmos a concordância.

Num primeiro momento, vamos falar a respeito daquelas palavras que, sem a concordância correta, chegam a causar-nos arrepios.  Vejamos estas:
  • guaraná  - um guaraná ou uma guaraná?
  • meu óculos ou os meus óculos?
  • havia duas pessoas ou haviam duas pessoas?
  • fazer um telefonema ou uma telefonema?

Procure responder, buscando nas gramáticas e nos dicionários que você conhece (e consulta, suponho) as informações.  Procure, principalmente, o porquê de apenas uma delas estar correta  e a outra ser a indesejável no padrão culto da língua que você usa técnica e profissionalmente. Se houver dupla possibilidade, tente explicar por quê.

Na próxima edição, você poderá conferir a resposta.

Um abraço cordial  de felizes festas!


Prof.ª Íris Gardino 

Primeiras palavras

Esta página nasce do pedido de vários alunos (e ex-alunos) executivos de muitas turmas corporativas,  dos cursos de MBA e de Pós-Graduação Lato Sensu da  Faculdade FIA de Administração e Negócios, de ex-alunos da Faculdade de Letras da USP, de secretárias, ex-alunas de cursos de Graduação em Secretariado Executivo e de corporações.

Com o apoio indescritível e o trabalho de alunos de Graduação da FIA Júnior, Karen Koga, Rodrigo Bonfá, Stella Yama, Carolina Oliveira, Lucas Macedo, e do ex-aluno de Letras, André Lorenz, aqui estamos.

Com a orientação deles, após pesquisas, esta página será dividida em:
  •  pequenos lembretes gramaticais de suporte aos textos não apenas de executivos, mas também dos alunos de Pós-Graduação para a redação de seus TCCs;
  • atualizações e comentários gramaticais;
  • reflexões sobre questiúnculas gramaticais que possam causar tropeço no dia a dia dos profissionais;
  • correções de pequenos excertos, para testar a sensibilidade dos leitores para a revisão de sua produção textual diária, com os comentários pertinentes;
  • sugestões de leituras técnicas, acadêmicas e de construção do saber – além do lazer -  indicadas por profissionais das diferentes áreas,  pelos alunos e ex-alunos, por amigos profissionais que se servem da Língua Portuguesa para sua comunicação;
  • espaço para a colaboração de outros colegas professores de Língua Portuguesa para executivos e estudantes de Letras (futuros professores, tradutores e intérpretes);
  • outros assuntos pertinentes à comunicação humana, de acordo com a necessidade de nossos leitores.

Queremos deixar claro, desde já, que haverá situações para as quais não existem – até o momento -  respostas definitivas, uma vez que a Língua é um instrumento vivo que se atualiza diariamente de acordo com os falantes, com o contexto e com a necessidade de se comunicarem.

As perguntas serão sempre bem-vindas e respondidas no prazo possível para eventuais consultas.   Assuntos poderão ser sugeridos e colaborações, aceitas.

Aqui estamos.  Esperamos atender não apenas a expectativa de todos os que tanto pediram este espaço,  mas também a dos que nos procurarem. 


Um grande abraço.