As preposições - um pouco de história
As preposições são poucas em nossa língua como o eram em latim. Nessa língua, as desinências (terminações das palavras) muitas vezes dispensavam o uso da preposição. Por exemplo: Curriculum Vitae. A desinência -ae nas palavras da 1.ª declinação latina, cuja maioria são vocábulos femininos, trazia embutida a preposição de; por isso uma tradução dessa expressão é "Curso da Vida". Essa preposição, entre vários significados, indicava a origem, a procedência, como vemos em: puella Romae: uma menina (que veio) de Roma.
Na 3.ª declinação, em que está a maioria dos vocábulos latinos, a desinência é -is: amor matris (amor de mãe), liber Ciceronis (livro de Cicero). Por extensão, o povo tirou gratiae (de graça) da 1.ª declinação e passou-a para a 3.ª: gratis. O que veio a dar "grátis" em Português, com o significado de "de graça". Por isso não se deve dizer "de grátis"! Essa mesma desinência (-is) foi absorvida pela língua inglesa, quando houve a dominação na Grã-Bretanha pelos romanos e a imposição da língua latina como oficial. Nasce, então, o genitivo (de posse) no Inglês: Paul's book. O 's reduz a desinência -is, mas mantém a ideia da posse.
Voltando ao século XXI, recuperando as preposições na língua portuguesa, temos as essenciais, que nos são ensinadas na escola fundamental:
a, ante, após, até; com, contra; de, desde; em, entre;
para,per,perante, por; sem, sob, sobre; trás. (1)
para,per,perante, por; sem, sob, sobre; trás. (1)
Além delas, existem as locuções prepositivas (duas ou mais palavras que, juntas, equivalem a uma preposição) e as preposições acidentais (aquelas que, oriundas de outras classes gramaticais, podem atuar, em determinadas situações, como preposições).
As preposições, no estudo das línguas, estabelecem relações entre palavras (mão de obra, copo de leite, horário da noite, festa na empresa, ...) ou entre orações (para descobrirmos, até conseguirem, sem se estabelecer, ...).
Preposições e regência
Como comentamos numa página de janeiro de 2015, a regência está ligada a complementos de verbos, substantivos, adjetivos ou advérbios: ela exige ou não preposição? qual ou quais? As preposições carregam informações e isso nos obriga a pensar nelas e sobre elas quando, em nossos textos, precisamos empregá-las. Veja esta construção:
Na visita ao
cliente, comentamos sobre os novos preços dos importados,
o que implicará em revisão e aumento em
nossas tabelas.
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Você consegue ver a impropriedade de duas das preposições? Não? Talvez esteja acostumado a ler e ouvir essas construções e nunca parou para refletir sobre elas. Pior: talvez as empregue, sem saber que não são as melhores...
"Comentar" pede complemento imediato (sem preposição): Comentamos sua atitude. Eles comentaram o conteúdo do relatório.
O verbo "implicar", com o sentido de acarretar, pede, também, complemento direto, imediato: O novo projeto implicará contratações. A compra do material implica organização daquele que está no estoque.
Pode, também, pedir a preposição "com", o que mudará o sentido primeiro aqui exposto. Ganha a ideia de "criar caso", "não aceitar", "buscar discussão": Sérgio vive implicando com a irmã. O diretor implica com esse tipo de planilha.
Voltemos ao texto que propus para que você encontrasse os erros. O texto correto ficará:
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importados,
o que implicará revisão e aumento em nossas
tabelas.
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