quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Zica vírus e a microcefalia dos bebês

Notícias também devem servir como momentos de reflexão linguística.  Nesta semana, a microcefalia dos bebês, principalmente os de Pernambuco, esteve na boca de nossos repórteres, entrevistados, entrevistadores... 

Cabem aqui duas reflexões: 

a.  microcefalia - vocábulo de origem grega, como a maioria dos que estão ligados à tecnologia e ciências, significa pequeno (micro) cérebro (kéfale). Ajustando, numa quase   tradução livre,  é deficiência ligada à formação fetal, de origem neurológica, que reduz a     capacidade cerebral. Consequência disso são as dificuldades de aprendizagem, para     ficarmos em apenas uma delas.   Vários repórteres e comentaristas, nas mais variadas emissoras de rádio e TV, reproduziram  estas palavras:  

           A microcefalia dos fetos dos bebês acontece por conta do vírus Aedes Aegypti...

Em primeiro lugar,  esse hediondo por conta de,  de que já tratamos em uma outra página neste blog, quando o correto seria: em decorrência de, por causa de, devido a, ...

Em segundo lugar, dos fetos dos bebês... Pergunto a você:  bebês têm fetos? A microcefalia  dos bebês acontece... ou A microcefalia dos fetos ocorre...

Em terceiro e último lugar nesse trecho: Aedes Aegypti não é vírus. É mosquito. 

Certamente você está pensando: na pressa de se comunicar, ...  Falta treinar, pessoal, falta treinar pensar direito. 

b. malformação, má-formação  - há diferença no emprego dessas palavras. A malformação permite cirurgias para correção da deformidade;  a má-formação é uma deformidade congênita,  às vezes uma monstruosidade,  com raras possibilidades de recuperação.  No caso da notícia, o mosquito causa má-formação (será isso mesmo?). 

Como você pode ver, comunicar obriga o comunicador, o emissor, a ter vocabulário.

Cuide-se! 




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