Certamente esse livro não fez aumentar o número de casos de falta de concordância verbal e nominal que encontrei nessas provas, mas, de 2011 para cá, só vejo crescer a liberalidade - e um certo descaso - com que alguns professores tratam da questão, na enganosa litania de "Deve-se privilegiar a linguagem do aluno.".
Disse enganosa litania? Acrescento: pérfida, cruel. Justifico: a linguagem ainda é um altíssimo meio de discriminação pessoal e profissional. E os erros de concordância são os mais visados em entrevistas e dinâmicas para a contratação de funcionários. Quem, por exemplo, aprovaria um candidato que dissesse: "Meus amigo 'stá empregado e eu ainda 'tô procurando..."
Afirmam alguns linguistas, num discurso mais político que pedagógico, que desejamos impor ao povo a linguagem "de uma elite dominante". Não se trata disso. Discrimina-se muito mais, quando não se busca elevar a linguagem do outro para o nível a que ele tem direito. Em outras palavras, condena-se a pessoa a não sair do limbo linguístico.
Quando se ensina ao aluno a flexibilidade das formas da linguagem, seus níveis sociolinguísticos, suas possibilidades e suas correções, atenuam-se os desníveis e aproximam-se as oportunidades. Eleva-se, com isso, a dignidade humana.
Veja-se, por exemplo, a riqueza linguística de alguém que consegue falar errado por brincadeira num grupo de amigos, consegue entender-se com seus pares numa linguagem de tribo, consegue exibir uma linguagem padrão culta quando busca um emprego e, posteriormente, como profissional... No dizer das mensagens comerciais: Isso não tem preço!
As gramáticas que apontamos em algumas páginas deste blog devem ser consultadas por todos, num esforço de autodesenvolvimento. Em especial, a Gramática Escolar da Língua Portuguesa, do Prof. Evanildo Bechara, oferece explicações completas e claras, com direito a exercícios que trazem respostas (na segunda edição, num livreto anexo à gramática).
Reveja o conteúdo da concordância - tanto nominal quanto verbal - por partes, para absorver pouco a pouco seu conteúdo e colocá-lo em prática imediatamente. Em seguida, não economize esforços em auxiliar a quem não tem acesso a essas informações, numa espécie de "corrente do bem".
Tenho certeza de que seu trabalho será reconhecido e você se sentirá agraciado com as inúmeras possibilidades que permitirá ao outro. Em caso de dúvidas, não hesite em contatar-me.
Bom trabalho.
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