sábado, 21 de novembro de 2015

Erros são apenas desvios? Devemos assumi-los como possibilidades de fala e de escrita? (I)

Após duas semanas  (e mais algumas que virão...)  de correções  de provas de concursos públicos da mais variada ordem de cargos, profissões e cursos,  lembrei-me de um artigo de Augusto Nunes em que o autor aponta o descaso com que se trata a concordância verbal e a nominal nas escolas, ratificada pelo livro didático aprovado pelo MEC  naquele ano (2011) com a anuência de alguns profissionais da área   (http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/os-livro-mais-interessante-estao-emprestado/). 

Certamente esse livro não fez aumentar o número de casos de falta de concordância verbal e nominal que encontrei nessas provas, mas, de 2011 para cá, só vejo crescer a liberalidade  - e um certo descaso - com que alguns professores tratam da questão, na enganosa litania de "Deve-se privilegiar a linguagem do aluno.". 

Disse enganosa litania?  Acrescento: pérfida, cruel.  Justifico:  a linguagem ainda é um altíssimo meio de discriminação pessoal e profissional.  E os erros de concordância são os mais visados em entrevistas e dinâmicas para a contratação de funcionários.  Quem, por exemplo, aprovaria um candidato que dissesse:  "Meus amigo 'stá empregado e eu ainda 'tô procurando..."

Afirmam alguns linguistas, num discurso mais político que pedagógico,  que desejamos impor ao povo a linguagem "de uma elite dominante".   Não se trata disso. Discrimina-se muito mais, quando não se busca elevar a linguagem do outro para o nível a que ele tem direito.  Em outras palavras, condena-se a pessoa a não sair do limbo linguístico.  

Quando se ensina ao aluno a flexibilidade das formas da linguagem, seus níveis sociolinguísticos, suas possibilidades e suas correções, atenuam-se os desníveis e aproximam-se as oportunidades.   Eleva-se, com isso, a dignidade humana.  

Veja-se, por exemplo,  a riqueza linguística de alguém que consegue falar errado por brincadeira num grupo de amigos, consegue entender-se com seus pares numa linguagem de tribo, consegue exibir uma linguagem padrão culta quando busca um emprego e, posteriormente, como profissional...   No dizer das mensagens comerciais: Isso não tem preço!

As gramáticas que apontamos em algumas páginas deste blog devem ser consultadas por todos, num esforço  de autodesenvolvimento.  Em especial, a Gramática Escolar da Língua Portuguesa, do Prof. Evanildo Bechara, oferece explicações completas e claras, com direito a exercícios que trazem respostas (na segunda edição, num livreto anexo à gramática).  

Reveja o conteúdo da concordância - tanto nominal quanto verbal - por partes, para absorver pouco a pouco seu conteúdo e colocá-lo em prática imediatamente.  Em seguida, não economize esforços em auxiliar a quem não tem acesso a essas informações, numa espécie de "corrente do bem". 

Tenho certeza de que seu trabalho será reconhecido e você se sentirá agraciado com as inúmeras possibilidades que permitirá ao outro. Em caso de dúvidas, não hesite em contatar-me. 

Bom trabalho.      


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