A velha divergência linguística entre paulistas e cariocas tem aparecido com maior frequência ultimamente, na queixa desses últimos. Desta vez, em frases como a do nosso título e mais:
- Você quer que eu vou?
- Paulo, quer que eu faço?
Paulistas e paulistanos: desta vez tenho de concordar com os cariocas. O que está acontecendo conosco? Faltam-nos noções de conjugação verbal. Vamos tentar recuperar as construções corretas e deixar os cariocas felizes?
Emprego o modo indicativo, quando quiser exprimir realidade, certeza, seja no presente, no pretérito, no futuro:
Amanhã irei até o cliente e resolverei a questão.
Ontem estivemos em visita à fábrica e vimos o estoque muito baixo.
Procuro um profissional que saiba lidar com isso efetivamente.
Empregarei o modo subjuntivo quando quiser exprimir dúvida, incerteza, hipótese, possibilidades, no presente, no pretérito e no futuro:
Talvez eu vá à fábrica na próxima semana e verifique nossos estoques locais.
Se eu fosse você, conversaria com os clientes e reajustaria seus pedidos.
Quando terminarmos os levantamentos, teremos os números finais dos investimentos.
Os vocábulos assinalados em vermelho pressupõem dúvida, incerteza, possibilidade, por isso levam os verbos para o subjuntivo (conjuntivo em Portugal e Espanha). Se eu estiver certa de que as situações ocorrerão, usarei o indicativo:
Eu vou (ou irei) à fábrica na próxima semana...
Como sou muito parecida com você, conversarei com os clientes...
Terminaremos os levantamentos e ...
Vamos deixar bem claras as finalizações. Se eu souber, se estiver certa do que acontece, aconteceu, ou acontecerá, empregarei o indicativo:
(Deixe que) nós visitamos a fábrica.
Paulo, (deixe que) eu converso com o cliente.
(Deixe que) terminamos (ou terminaremos) essas planilhas.
Se eu não souber, não tiver certeza do que acontece, aconteceu ou acontecerá (por isso pergunto a alguém se, se ele quer que...), usarei o subjuntivo:
Você quer que eu fale com eles?
Paulo, você precisa que eu faça o levantamento?
Ana Carla, vocês querem/desejam que nós perguntemos ao cliente?
Cariocas queridos: vocês querem que eu fale com os paulistas e os corrija? Este texto serviu para isso.
Um abraço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário